The Lost Hero – Primeiras páginas
Demorou, mas aqui está! No início do mês, nós liberamos a senha para ler os dois primeiros capítulos de The Heroes of Olympus: The Lost Hero no site oficial da série. Prometemos que traríamos a versão traduzida assim que o texto fosse liberado pela editora, que deveria ocorrer no dia 21. Acabou que só soltaram mesmo a capa, e a nossa tradução ficou guardadinha esperando alguma coisa mais oficial. Não aconteceu. Então a equipe Percy Jackson Brasil decidiu liberar os capítulos traduzidos para vocês, visitantes sedentos por novidades do Acampamento Meio-Sangue! Vale ressaltar que o PJ-BR não tem como objetivo infringir os direitos autorais de Rick Riordan, da Hyperion Book ou mesmo da Editora Intrínseca. Entendemos que, com a liberação da senha de acesso no blog do autor, a tradução das informações está, também, autorizada. Entretanto, se algum direito foi infringido, peço que os detentores dos direitos de The Heroes of Olympus entrem em contato conosco para a retirada do material (if any copyright was violated, please contact our team, and we will be pleased to contribute with the publisher and the content will be immediately removed). O Percy Jackson Brasil tem como único objetivo difundir as informações do trabalho de Rick Riordan entre os fãs brasileiros, que muitas vezes não sabem inglês e acabam prejudicados, sem poder ter acesso aos textos. (O TEXTO FOI TRADUZIDO PARA USO PESSOAL DOS LEITORES DESSE SITE, FAVOR NÃO COPIAR OU REPUBLICAR!) JASON I Antes mesmo de ter sido eletrocutado, Jason estava tendo um dia podre. Ele acordou no banco traseiro de um ônibus escolar, sem ter certeza de onde estava, segurando a mão de uma garota que ele não conhecia. Essa não era necessariamente a parte podre. A menina era bonita, mas ele não conseguia entender quem ela era ou o que ela estava fazendo ali. Ele se sentou e esfregou os olhos, tentando pensar. Umas poucas dúzias de crianças espalharam-se pelos bancos em frente ao dele, ouvindo seus iPods, conversando, ou dormindo. Todos eles pareciam ter sua idade… Quinze? Dezesseis? Ok, isso era assustador. Ele não sabia sua própria idade. O ônibus trafegava por uma estrada esburacada. Do lado de fora das janelas, passava o deserto, debaixo de um brilhante céu azul. Jason estava certo que ele não morava no deserto. Ele tentou pensar novamente… a última coisa que ele lembrava… A garota apertou sua mão. “Jason, você está bem?” Ela usava jeans desbotados, botas de caminhada, e uma jaqueta de lã de snowboard. Seu cabelo castanho-chocolate era cortado de forma desigual, com os lados trançados para baixo. Ela não usava maquiagem, como se ela estivesse tentando não chamar atenção para si mesma; mas não funcionou. Ela era realmente bonita. Seus olhos pareciam mudar de cor como em um caleidoscópio – marrom, azul, e verde. Jason soltou a mão dela. “Hum, eu não –” Na parte da frente do ônibus, um professor gritou “Está bem, queridinhos, ouçam!” O garoto obviamente era um treinador. Seu boné de beisebol estava afundado na cabeça, deixando a vista somente seus olhos lustrosos. Ele tinha uma barbicha rala e uma cara azeda, como se tivesse comido algo mofado. Seus braços castanhos e peito vestindo uma radiante camisa pólo laranja. Suas calças de treino de náilon e seus Nikes estavam imaculadamente brancos. Usava um apito pendurado no pescoço, e um megafone estava preso ao seu cinto. Ele teria parecido bastante assustador se não tivesse apenas um metro e meio de altura. Quando ele se levantou no corredor, um dos estudantes gritou “Levante-se, técnico Hedge!” “Eu ouvi isso!” O treinador examinou o ônibus atrás do ofensor. Então seus olhos fixaram-se em Jason e sua carranca se aprofundou. Uma sacudida desceu pela coluna de Jason. Ele estava certo de que o treinador sabia que ele não pertencia aquele lugar. Ele estava indo chamar Jason, perguntar o que ele estava fazendo no ônibus – e Jason não saberia o que dizer. Só que o Treinador Hedge olhou para longe e pigarreou. “Chegaremos em cinco minutos! Permaneçam com sua dupla. Não percam suas planilhas. E se um de vocês preciosos pequenos queridinhos causarem qualquer problema nessa excursão, eu vou pessoalmente mandá-los de volta para o campus do jeito difícil.”. Ele pegou um taco de basebol e fez como se estivesse batendo em um pombo-correio. Jason olhou para a garota ao seu lado. “Ele pode falar conosco desse jeito?”. Ela deu de ombros. “Ele sempre fala. Essa é a Wilderness School, ‘Onde crianças são os animais’”. Ela falou como se fosse uma piada que tinham partilhado antes. “Isso é um algum tipo de engano,” Jason falou. “Eu não devia estar aqui”. O garoto que estava a sua frente virou e riu. “Sim, certo, Jason. Todos nós fomos enquadrados! Eu não fugi seis vezes. Piper não roubou uma BMW.” A garota corou. “Eu não roubei esse carro, Leo!” “Oh, eu esqueci, Piper. Qual foi a sua história? Você ‘jogou conversa’ para o vendedor emprestar para você?” Ele levantou as sobrancelhas para Jason como se dissesse, Você acredita nela? Leo parecia um elfo latino do Papai Noel, com cabelos pretos encaracolados, orelhas pontudas, uma cara alegre, infantil, e um sorriso travesso que lhe disse logo: esse cara não deve ser confiável na presença de fósforos ou objetos cortantes. Seus dedos longos e ágeis não paravam de se movimentar – batucando no banco, colocando o cabelo atrás das orelhas, brincando com os botões do paletó de farda de exército. Ou o garoto era naturalmente hiperativo ou se entupiu de bastante açúcar e cafeína o suficiente para dar um ataque cardíaco a um búfalo. “De qualquer forma,” disse Leo, “Eu espero que esteja com a sua planilha, porque eu usei a minha para fazer bolas de cuspe a dias atrás. Por que você está me olhando assim? Alguém desenhou na minha cara de novo?” “Eu não te conheço”, Jason disse. Leo deu-lhe um sorriso de crocodilo. “Claro. Não sou seu melhor amigo. Eu sou o clone mau dele.” “Leo Valdez!” Treinador Hedge gritou da frente. “Algum problema aí atrás?” Leo piscou para Jason. “Assista essa.” Ele virou-se para frente. “Desculpe-me, Treinador! Eu estava tendo problemas para te escutar. Você pode usar seu megafone, por favor?” O Treinador Hedge grunhiu como se ele estivesse feliz por ter uma desculpa. Ele tirou o megafone do seu cinto e continuou a dar orientações, mas sua voz saiu como a de Darth Vader. As crianças caíram na gargalhada. O treinador tentou novamente, mas desta vez o megafone bradou: “A vaca diz moo!” Os garotos gritaram, e o treinador bateu o megafone. “Valdez!” Piper abafou um riso. “Meu Deus, Leo. Como você fez isso?”. Leo deixou uma pequena chave de fenda Phillips cair de sua manga. “Sou um garoto especial.”. “Gente, é sério,” Jason confessou. “O que estou fazendo aqui? Para onde estamos indo?” Piper arqueou suas sombrancelhas. “Jason você está brincando?” “Não! Eu não tenho idéia –“ “Ah, sim, ele está brincando,” Disse Leo. “Ele está tentando descontar daquela vez que tinha creme de barbear na Jell-O, não é?” Jason olhou para ele sem expressão. “Não, eu acho que ele está falando sério”. Piper tentou pegar sua mão novamente, mas ele a puxou. “Me desculpe,” Ele disse. “Eu não – Eu não posso –“ “É isso aí!” Coach Hedge gritou pela frente. “A fila de trás acabou de se oferecer para limpar a bagunça depois do almoço!” O resto dos garotos aplaudiram. “Isso é chocante”, Disse Leo. No entanto, Piper manteve seus olhos em Jason, como se ela não pudesse se decidir se estava machucada ou preocupada. “Você bateu a cabeça ou algo assim? Você realmente não sabe quem somos?” Jason deu com os ombros, impotente. “É pior do que isso. Eu não sei quem eu sou.” … O ônibus deixou-os na frente de um grande complexo de estuque vermelho parecido com um museu, localizado no meio do nada. Talvez isto é o que é: o Museu Nacional de Meio do Nada, Jason pensou. Um vento frio soprava do deserto. Jason não tinha prestado muita atenção ao que ele estava usando, mas não era nem perto de ser quente o suficiente: jeans e tênis, uma camiseta roxa, e um blusão preto fino. “Então, um curso intensivo para amnésia,” Leo disse, em um tom prestativo que levou Jason a pensar que não ajudaria em nada. “Nós frequentamos a ‘Wilderness School’” – Leo fez as aspas no ar com os dedos. “O que significa que somos ‘crianças más’. Sua família ou o órgão responsável por você decidiram que você era muito problemático, então te mandaram para esta adorável prisão – me desculpe, ‘internato’ – em Armpit, Nevada, na qual você aprende valiosas habilidades naturais como correr dez quilômetros por dia, através dos cactos e tecelagem de margaridas em chapéus! E para um tratamento especial nós vamos à viagens ‘educacionais’ de campo com o Treinador Hedge que mantém a ordem com um taco de basebol. Está tudo voltando para você agora?” “Não.” Jason olhou apreensivamente para as outras crianças: vinte garotos, talvez, e a metade deste número de garotas. Nenhum deles parecia ser criminosos perigosos, só que ele imaginou o que eles teriam feito para serem sentenciados a uma escola para delinqüentes e imaginou por que ele pertencia a este grupo. Leo revirou os olhos. “Você realmente vai continuar com isso, não é? Ok, então nós três entramos aqui juntos este ano. Nós somos bem próximos. Você faz tudo o que eu digo e me dá sua sobremesa e faz meus deveres…” “Leo!”, Piper vociferou. “Está bem. Ignore esta última parte. Mas nós somos amigos. Bom, Piper é um pouco mais do que sua amiga nas últimas semanas –“ “Leo, pára com isso!” O rosto de Piper ficou vermelho. Jason também podia sentir seu rosto queimando. Pensou que se lembraria se estivesse saindo com uma garota como a Piper. “Ele está com amnésia ou algo do tipo.” Piper disse. “Nós temos que contar a alguém.” Leo zombou. “Quem, o Treinador Hedge? Ele tentaria curar o Jason batendo no topo da sua cabeça.” O treinador estava na frente do grupo, gritando ordens e assoprando seu apito para manter as crianças na fila, mas, de vez em quando, ele olhava para Jason e franzia as sobrancelhas. “Leo, Jason precisa de ajuda.” Piper insistiu. “Ele teve uma concussão ou…” “E aí, Piper.” Um dos outros meninos ficou para trás para se juntar aos três enquanto a turma se dirigia para o museu. O garoto novo se espremeu entre Jason e Piper e derrubou Leo. “Não fale com estes perdedores. Você é minha parceira, lembra-se?” O novo rapaz tinha cabelos escuros cortado ao estilo do Super-Homem, era bem bronzeado, e tinha dentes tão brancos que eles deveriam vir com uma placa de recomendação: não olhe diretamente para os dentes, pode causar cegueira permanente. Ele vestia um casaco dos Dallas Cowboys, calças jeans e botas ao estilo faroeste, e ele sorria como se fosse um presente de Deus para todas as meninas delinqüentes de todo lugar. Jason odiou-o instantaneamente. “Vá embora, Dylan.”, Piper resmungou. “Eu não pedi para trabalhar com você.” “Ah, não seja assim. Hoje é o seu dia de sorte!” Dylan enganchou seu braço no de Piper e a arrastou pela entrada do museu. Piper deu uma última olhada por sobre o ombro, como se fosse um pedido de ajuda urgente. Leo se levantou e se limpou. “Eu odeio esse cara.” Ele ofereceu seu braço a Jason, como se eles fossem entrar juntos pulando. “Eu sou o Dylan. Eu sou tão legal, eu gostaria de namorar comigo mesmo, mas eu não consigo descobrir como! Você quer sair comigo, então? Você tem tanta sorte!”. “Leo,”, Jason disse, “você é estranho.” “É, você me diz isso bastante.” Leo sorriu largamente. “Mas se você não se lembra de mim, isso significa que eu posso recontar todas as minhas piadas antigas. Vamos lá!” Jason deduziu que, se este era seu melhor amigo, sua vida devia ser uma bagunça, mas ele seguiu Leo para dentro do museu. … Eles caminharam para dentro do prédio, parando aqui e ali para o treinador Hedge lhes dar um sermão com o seu megafone, que alternadamente o fazia parecer um lorde Sith ou soltava comentários aleatórios com “o porco diz oink”. Leo continuava tirando porcas de parafusos, pregos, limpadores de cachimbo do bolso e juntando-os, como se ele tivesse que manter suas mãos ocupadas o tempo todo. Jason estava distraído demais para prestar muita atenção para as exposições, mas elas falavam do Grand Canyon e da tribo Hualapai, que era dona do museu. Algumas garotas continuavam olhando para Piper e Dylan e rindo baixinho. Jason deduziu que estas garotas eram do grupo das populares. Elas usavam calças jeans combinando, blusas rosa e tanta maquiagem que elas poderiam ir a uma festa de Dia das Bruxas. Uma delas disse “Ei, Piper, a sua tribo cuida desse lugar? Você entra de graça se fizer a dança da chuva?” As outras garotas riram. Até o assim dito parceiro da Piper, Dylan, suprimiu um sorriso. O casaco de snowboard de Piper escondeu suas mãos, mas Jason teve a sensação de que ela tinha cerrado seus punhos. “Meu pai é Cherokee”, ela disse, “e não Hualapai. Mas é claro, você precisaria de alguns neurônios para saber a diferença, Isabel.” Isabel abriu os olhos em uma surpresa irônica, de maneira que fez ela parecer uma coruja maquiada. “Ah, desculpe-me. A sua mãe era dessa tribo? Ah, é verdade. Você nunca conheceu sua mãe.” Piper avançou sobre ela, mas antes que uma briga pudesse começar, o treinador Hedge vociferou “Já chega, vocês aí atrás! Sejam um bom exemplo ou eu vou pegar o meu taco de baseball!”. O grupo prosseguiu para a próxima exposição, mas algumas meninas continuaram soltando pequenos comentários para Piper. “É bom estar de volta à reserva?”, uma perguntou com uma voz doce. “O pai deve estar bêbado demais para trabalhar”, outra disse com um pesar falso. “É por isso que ela se tornou cleptomaníaca”. Piper as ignorava, mas Jason estava pronto para socá-las. Ele poderia não se lembrar de Piper e nem de quem ele era, mas ele odiava crianças más. Leo segurou seu braço. “Fique calmo. Piper não gosta que lutemos suas batalhas por ela. Além disso, se essas garotas descobrissem a verdade sobre o pai dela, elas estariam todas reverenciando-a e gritando ‘nós não somos merecedoras!’” “Por quê? O que tem o pai dela?” Leo riu, sem acreditar. “Você não está brincando? Você realmente não se lembra de que o pai da sua namorada…” “Olha, eu queria lembrar, mas eu nem mesmo me lembro dela, muito menos de seu pai.” Leo assobiou. “Tanto faz. Nós temos que conversar quando voltarmos ao dormitório.” Eles chegaram ao final da sala de exibições, onde grandes portas de vidro levavam a um terraço. “Tudo bem, queridinhos.”, o treinador Hedge anunciou. “Vocês estão prestes a ver o Grand Canyon. Tentem não quebrá-lo. O observatório agüenta o peso de setenta jatos, então vocês, pesos-pena, devem estar seguros lá. Se possível, evitem empurrar uns aos outros por sobre a cerca, porque isso me daria mais papelada pra preencher.” O treinador abriu as portas e todos saíram. O Grand Canyon se estendia diante deles, ao vivo e em pessoa. Além da beira se abria uma passarela em forma de ferradura feita de vidro, de forma a permitir que você possa ver através dela. “Cara”, Leo disse. “Isso é muito louco.” Jason tinha de concordar. Apesar de sua amnésia e de sua sensação de que ele não pertencia àquele grupo, ele não podia evitar ficar impressionado. O desfiladeiro era maior e mais largo do que se poderia imaginar por uma foto. Eles estavam tão alto que pássaros voavam abaixo deles. Quinhentos pés abaixo, um rio serpenteava ao longo do pé do desfiladeiro. Bancos de nuvens de tempestade haviam se movido ao alto enquanto eles estavam dentro do museu, lançando sombras que pareciam rostos zangados sobre o penhasco. Até onde Jason podia ver em qualquer direção, ravinas vermelhas e cinzas cortavam o deserto como se um Deus louco tivesse cortado o deserto com uma faca. Jason sentia uma dor perfurante atrás dos olhos. Deuses loucos… De onde ele tirou essa idéia? Ele sentia como se tivesse chegado perto de algo importante – algo que ele devia saber. Ele também tinha a inequívoca sensação de que ele estava em perigo. “Você está bem?”, Leo perguntou. “Você não vai vomitar por cima da cerca, vai? Porque eu deveria ter trazido minha câmera.” Jason se apoiou na grade. Ele estava tremendo e suando, mas não tinha nada a ver com altura. Ele piscou e a dor atrás dos olhos melhorou um pouco. “Eu estou bem”, ele disse. “É só uma dor de cabeça.” Trovões estrondavam acima deles. Um vento frio quase o derrubou de lado “Isto não pode ser seguro.” Leo lançou um olhar furtivo para as nuvens. “A tempestade está bem acima de nós, mas o céu está limpo ao nosso redor. Estranho, não?” Jason olhou para cima e viu que Leo estava certo. Um círculo de nuvens escuras havia se estacionado em cima do observatório, mas o resto do céu em todas as direções estava perfeitamente limpo. Jason teve um pressentimento ruim sobre isso. “Tudo bem, molengas!” Gritou o Treinador Hedge. Ele franziu o cenho para a tempestade como se isso o incomodasse muito. “Talvez tenhamos que encurtar o passeio, então mãos a obra! Lembrem-se, frases completas!” A tempestade rugia, e a cabeça de Jason começou a doer de novo. Sem saber por que fez isso, enfiou a mão no bolso do jeans e de lá tirou uma moeda – um círculo de ouro do tamanho de uma moeda de 50 cents, um pouco mais espessa e mais desigual. Em um dos lados estava estampada a figura de um machado de batalha. No outro estava o rosto de um garoto coberto de louros. A inscrição dizia algo como ivlivs. “Nossa, isso é ouro?” Leo perguntou. “Você esteve escondendo de mim!” Jason colocou a moeda longe, se perguntando como ele viria a tê-la, e porque ele sentia que precisaria dela em breve. “Não é nada” ele disse. “Só uma moeda.” Leo balançou os ombros. Talvez sua mente tivesse que manter se movimentando tanto quanto suas mãos. “Vamos lá” ele disse. “O desafio a cuspir na beirada”. Eles não se esforçaram muito na planilha. Por um motivo, Jason estava muito distraído com a tempestade e com os seus próprios sentimentos confusos. Por outro motivo, ele não tinha nenhuma idéia como “nomear três camadas sedimentares que você observa” ou “descrever dois exemplos de erosão”. Leo não era de muita ajuda. Ele estava muito ocupado construindo um helicóptero de limpadores de cachimbo. “Confira isso.” Ele lançou o helicóptero. Jason imaginou que iria despencar, mas as lâminas dos limpadores de cachimbo estavam realmente afiadas. O pequeno helicóptero voou pelo desfiladeiro antes de perder a força inicial e cair em espiral no vazio. “Como você fez isso?” Jason perguntou. Leo deu de ombros “Poderia ter sido mais legal se eu tivesse alguns elásticos.”. “Falando sério,” Jason falou, “Nós somos amigos?”. “Na última vez que eu verifiquei.” “Você tem certeza? Qual foi o primeiro dia que nós nos encontramos? Do que nós falamos?” “Foi…” Leo franziu a testa. “Não lembro exatamente. Tenho ADHD, cara. Você não pode esperar que eu me lembre de detalhes.” “Mas eu não me lembro de nada de você. Não me lembro de ninguém daqui. E se –”. “Você está certo e todo mundo está errado?” Leo perguntou. “Você acha que só apareceu aqui nesta manhã, e todos nós temos memórias falsas de você?” Uma pequena voz na cabeça de Jason dizia, É exatamente o que eu penso. No entanto, isso parecia loucura. Todo mundo tinha certeza da presença dele. Todos agiram como se ele fosse uma parte normal da classe – exceto para o Treinador Hedge. “Pegue a planilha.” Jason entregou o papel para Leo. “eu já volto.” Antes que Leo pudesse protestar, Jason se dirigiu ao observatório. O grupo escolar deles tinha o lugar inteiramente para eles mesmos. Talvez fosse muito cedo para turistas, ou talvez o clima estranho tenha assustado todos. As crianças da ‘Wilderness School’ se espalharam em pares em todo o observatório. A maioria estava brincando ou conversando. Alguns garotos estavam jogando moedas de um centavo para além da cerca. A mais ou menos cinqüenta pés de distancia, Piper estava tentando preencher a sua planilha, mas o seu parceiro estúpido, Dylan, estava jogando cantadas nela, colocando a sua mão no ombro da garota e dando-lhe aquele ofuscante sorriso branco. Ela continuava afastando-o, e quando ela viu Jason, olhou para ele como quem diz, Estrangule este garoto para mim. Jason fez sinal para ela esperar. Ele caminhou até o Treinador Hedge, que estava encostado em seu taco de beisebol, estudando as nuvens de tempestade. “Você fez isto?” o treinador perguntou para ele. Jason deu um passo para trás. “Fiz o que?” Soou como se o treinador tivesse acabado de perguntar se ele tinha feito a tempestade. O Treinador Hedge olhou para ele, seus lustrosos olinhos brilhando sob a aba do boné. “Não brinque comigo, criança. O que você está fazendo aqui e por que está atrapalhando meu trabalho?” “Você quer dizer que… você não me conhece?” Jason falou. “Não sou um de seus alunos?” Hedge inspirou. “Nunca tinha visto você até hoje” Jason estava tão aliviado que quase quis chorar. Pelo menos ele não estava ficando louco. Ele estava no lugar errado. “Olhe, senhor, eu não sei como cheguei aqui. Eu só acordei no ônibus da escola. Tudo que eu sei é que eu não deveria estar aqui.” “Está certíssimo”. A voz rouca de Hedge caiu para um sussurro, como se ele fosse partilhar um segredo. “Você tem uma maneira poderosa de manipular a névoa, criança, já que você pode fazer todas essas pessoas pensarem que te conhecem; mas você não pode me fazer de tolo. Eu estive farejando um monstro por dias. Eu sabia que nós tínhamos um invasor, mas você não cheira como um monstro. Você cheira como um meio-sangue. Então – quem é você, e de onde você veio?” A maior parte do que o treinador falou não fazia sentido, mas Jason decidiu responder honestamente. “Não sei quem eu sou. Não tenho nenhuma lembrança. Você tem que me ajudar.” Treinador Hedge estudou o seu rosto como se estivesse tentando ler os pensamentos de Jason. “Ótimo,” murmurou Hedge. “Você está sendo verdadeiro”. ”É claro que eu estou! E o que é tudo isso sobre monstros e meio-sangues? São códigos ou alguma coisa assim?“ Hedge estreitou seus olhos. Parte de Jason se perguntou se o cara era só louco. A outra parte, porém, sabia melhor. “Olhe, garoto,“ Hedge falou, “Eu não sei quem você é. Só sei o que você é, e isso significa problema. Agora eu tenho que proteger três de vocês e não dois. Você é o pacote especial? É isso?”. “Do que você está falando?“ Hedge olhou para a tempestade. As nuvens estavam ficando mais grossas e mais escuras, pairando diretamente sobre a passarela. “Essa manhã“, Hedge falou, “recebi uma mensagem do acampamento. Eles disseram que uma equipe de extração está a caminho. Eles estão vindo para pegar um pacote especial, mas eles não deveriam me dar detalhes. Eu pensei por mim mesmo. Os dois que eu estou observando são mais poderosos, mais velhos que a maioria. Eu sei que eles estão sendo perseguidos. Eu posso sentir o cheiro de um monstro no grupo. Eu imaginei que esse era o motivo para de repente o acampamento estar frenético para buscá-los. Então você aparece do nada. Então, você é o pacote especial?”. A dor atrás dos olhos de Jason ficou pior do que nunca. Meio-sangues. Acampamento. Monstros. Ele continuou sem entender nada do que Hedge estava falando, mas as palavras lhe deram um pesado congelamento nos miolos – como se sua mente estivesse tentando acessar informações que deveriam estar ali, mas não estavam. Ele tropeçou, e o Treinador Hedge o pegou. Para um cara pequeno, o treinador tinha mãos de ferro. “Calma lá, molenga. Você disse que não tem lembranças, né? Bem. Eu vou ter que te observar, também, até a equipe chegar aqui. Vamos deixar o diretor descobrir essas coisas“. “Que diretor?“ Disse Jason. “Que acampamento?” “Apenas sente. Reforços devem chegar aqui em breve. Espero que nada aconteça antes –”. Um raio caiu acima de suas cabeças. O vento se manifestou com vingança. Planilhas voaram para dentro do Grand Canyon, e a ponte inteira estremeceu. Crianças gritaram, tropeçando e agarrando os trilhos. “Eu preciso falar uma coisa,” Hedge resmungou. Ele gritou em seu megafone: “Todo mundo lá dentro! A vaca disse moo! Fora do observatório“ “Achei que você disse que isso era estável!“ Jason gritou por cima do vento. “Em circunstâncias normais,” Hedge concordou, “quais não são. Vamos!”